terça-feira, 24 de junho de 2008

Pobreza, fingimento ou descaso?

Leia as duas matérias abaixo:

As crianças Stalin

Garoto fica tetraplégico após erro em cirurgia de fimose e hérnia

Leu? O que você sentiu? Eu senti vergonha, indignação, raiva, impotência, medo e tristeza.

Vergonha por morar num país que cobra impostos e mais impostos, cria novos impostos do nada, e que não aplica esses recursos aonde deveria, gerando uma horda de analfabetos funcionais e desvalidos.

Indignação pela falta de vergonha na cara dos governantes, seus assessores e dos funcionários públicos que tem a coragem de mentir descaradamente na frente das câmeras e dos gravadores, de tvs, rádios e jornais, nos chamando de idiotas, pois eles pensam que estamos acreditando. Desculpem-me os bons profissionais, mas vocês infelizmente são minoria.

Raiva dessas pessoas as quais pagamos o salário e que nos tratam como se fôssemos um estorvo para sua vida, sempre respaldadas pela estabilidade no emprego e a imunidade parlamentar.

Impotência por não poder fazer nada de imediato, apenas de dois em dois anos, tentando tirar os incompetentes que a cada dia lotam os órgãos públicos e fazem desse país uma terra de ninguém.

Medo de ter que passar por uma situação como a citada e ainda ser julgado por parte da sociedade que deu certo, achando que quem não deu certo é culpado, algumas vezes inclusive, culpado por ter nascido.

Tristeza pelo futuro que este país possa ter. Ouço muita gente falando em investimentos de todos os tipos, em saúde, infra-estrutura, emprego, bolsas de auxílio diversos e transporte, porém, o que mais me assusta é a falta de discussão sobre o assunto que mais interessa: a educação.

Com recursos investidos em educação a partir de hoje, teríamos em 20 anos resultados extraordinários, as pessoas ficariam menos doentes, porque fariam mais prevenção, as taxas de natalidade em pessoas de baixa renda e menores de idade diminuiriam, os trabalhadores estariam mais bem preparados e portanto poderiam entrar com mais facilidade no mercado de trabalho, as empresas produziriam melhor e lucrariam mais com seus produtos, a criminalidade diminuiria com os jovens que teriam uma educação melhor e as pessoas teriam mais consciência na hora de votar. Aí é a que a porca torce o rabo. Os políticos não estão interessados numa população que possa votar conscientemente, porque isso influiria na sua permanência ad infinitum no governo.

Hoje o que se vê é um trabalho de quantificação na aprovação de alunos de ensino fundamental e médio, que saem muitas vezes sem entender um parágrafo do que eventualmente lêem. Temos o Prouni, que é muito bom para formar mais gente que tem poucos recursos, porém temos que admitir que a qualidade dos cursos da maioria das Instituições de Ensino Superior privadas não é de se admirar, vide as ameaças de fechamento de cursos que acontecem todos os anos, e o aluno que “passou” no ensino médio público aos trancos e barrancos fará o ensino superior do mesmo jeito. Pra piorar ainda mais a situação, vemos todos os dias casos de violência de alunos contra professores nas escolas públicas, que acabam em impunidade na totalidade das vezes.

Enquanto ficarmos discutindo outros assuntos e não pensarmos seriamente em modernizar nossos programas educacionais, podemos ter a maior econômica do mundo, crescimento da renda das classes baixas e a estabilidade econômica, que nos levarão ao primeiro mundo, mas ficaremos no terceiro mundo da ignorância e da falácia governamental.

Um comentário:

Divã do Masini disse...

Não conseguímos colocar esses sentimentos em ações efetivas - e não é só na urna que isso pode ser resolvido, o caminho é mais difícil no meu parecer (não deveria).

Em alguns países da Europa, por exemplo, se uma fábrica demite funcionários, os vizinhos, o povo (mesmo que não tenham nada a ver com a fábrica) vão para as ruas, protestar as demissões.

Enquanto por aqui, infelizmente, até quem ainda se indigna com esses e outros fatos é rotulado de "do contra" ou esquerdista extremista.

abraços